A língua inglesa teve suas primeiras metodologias modernas aplicadas no Brasil há mais ou menos 70 anos e de lá pra cá muitas foram perdendo força e outras foram se reinventando e se ressaltando ao longo dos anos. Como a base dessas metodologias são geralmente as mesmas, elas são bastante similares e geralmente pecam em observar que o aluno nativo do português, por exemplo, deve ser tirado da mesma caixinha do aluno nativo do espanhol, pois, cada idioma apresenta peculiaridades diferentes e que quando aplicadas a língua inglesa pode não fazer sentido se for feita da mesma maneira.

Quando precisamos transmitir uma mesma informação em línguas distintas, essa informação deve ser adaptada de acordo com as regras de cada idioma para que possa fazer sentido, pois, se for somente traduzida ao pé da letra provavelmente não transmitirá a informação desejada. Inclusive, a tradução é de longe a forma menos eficaz aprender qualquer idioma porque ela nunca será fiel ao que pretende ser dito se não for feita com base nas peculiaridades do idioma em questão.

Encontrar a melhor metodologia faz parte de uma saga que todo estudante brasileiro da língua inglesa já enfrentou pelo menos uma vez na vida. Há inúmeros depoimentos de pessoas que, no decorrer desse processo, se depararam com todos os estilos de aulas, técnicas e informações, todos apontando qual o melhor caminho a seguir.

Os relatos e reclamações de pessoas que ainda não falam inglês são bastante similares e a maioria dessas pessoas acreditam que não falam por puro demérito delas mesmas, o que do meu ponto de vista é um dado um tanto contorcido.

Quando muita gente reclama de um serviço ou produto pelos mesmos motivos, o problema pode não estar em quem faz uso deste produto ou serviço, não é mesmo?

Claro que no mundo lá fora existem sim alunos que não se comprometem e muito menos se dedicam tanto quanto deveriam e que de alguma maneira tem culpa no cartório, entretanto, a maioria dos alunos dedicados e comprometidos que ainda não falam o idioma podem estar sofrendo de uma “mea-culpa implantada”, que os faz crer que eles não possuem as habilidades necessárias para falar o idioma.

Seria muito simples atribuir todo e qualquer fracasso de uma má metodologia ou um curso ruim aos alunos. A verdade é que nós brasileiros somos os campeões em sermos direcionados ao oposto do que precisamos aprender sobre a língua inglesa para falar esse idioma e algo que pode nos levar a uma maior clareza sobre isso é compreender algumas diferenças que existem entre português e inglês para nos dar um norte sobre qual caminho trilhar e atingir o objetivo de ser falante do idioma.

O que tem de tão diferente?

Do meu ponto de vista, a primeira e uma das mais importantes diferenças que o português apresenta para o inglês, é que enquanto a informação transmitida na língua portuguesa é bastante baseada nos tempos verbais simples (presente, passado e futuro), na língua inglesa a informação é comunicada através de sentenças com tempos verbais contínuos (present e past continuous, perfect e perfect continuous). Essa “continuidade” do idioma é ilustrada a princípio no verbo TO BE, o qual muitos alunos acreditam já possuírem o domínio, mas que jamais estudaram essa diferença sem sequer saber que ela existe.

 

Todos os verbos auxiliares devem ser trabalhados para que o aluno consiga perceber e interpretar quando uma sentença é apenas uma sentença de presente, passado e futuro simples e quando possui continuidade para entender e falar a língua inglesa corretamente.

Outra desigualdade crucial é que encaramos o uso dos verbos auxiliares e modais de forma diferente nos dois idiomas apesar da similaridade na aplicação (verbo auxiliar/modal + verbo principal). Na língua inglesa nos é apresentado 14 desses verbos divididos em 2 grupos: auxiliares primários e auxiliares modais e, neste caso, as construções gramaticais são todas sustentadas por esses verbos, pois, são eles os responsáveis por auxiliar na conjugação verbal e na conjugação do verbo principal. Se não há um verbo auxiliar ou modal incluído na sentença, ela está errada.

Além das diferenças entre os verbos auxiliares, a conjugação dos verbos principais também é encarada de forma diferente nos dois idiomas. No português, os verbos principais possuem uma infinidade de conjugações diferentes porque não são necessariamente vinculados aos verbos auxiliares, enquanto na língua inglesa temos apenas 5 conjugações porque os verbos auxiliares fazerem o trabalho de indicar o tempo verbal na sentença.

Outra disparidade a ser percebida apesar de simples é fundamental: quando nos comunicamos em inglês a informação é sempre objetiva, sem rodeios. O verbo principal será sempre o verbo da ação daquela informação. Não dizemos, por exemplo: Sheila está fazendo o almoço, mas sim, Sheila está cozinhando o almoço.

A última comparação que farei aqui, é sobre os pronomes. Diferente do português onde construímos sentenças inteiras usando somente um pronome no início da frase, no inglês sempre teremos um pronome atrelado a um verbo auxiliar. Toda nova sentença quando separada por uma conjunção, um pronome relativo ou um condicional, precisa de um novo auxiliar e por consequência toda nova sentença precisará também de um pronome.

Existem ainda outros pontos a serem considerados, entretanto, não tão relevantes. Vale dizer que quando baseamos o estudo do inglês, ou de qualquer outro idioma, em nossa língua materna, buscando comparar as construções, as particularidades de cada idioma e quais os principais pontos que distanciam uma língua da outra, o estudo se torna mais eficiente.

Nunca foi dito que seria fácil, mas sabemos que não é impossível.

Ensinar através de adaptações e comparações entre os dois idiomas, torna o aprendizado fluído. Todo conteúdo ensinado no idioma materno de quem está aprendendo proporciona ao aluno um ambiente mais amigável e mais confortável. Dessa forma o aluno pode focar seus esforços em aprender o que não sabe e não gastar energia pensando no que ainda não faz sentido a ele. Colabora, inclusive, com o controle da ansiedade que tanto atrapalha na hora de aprender inglês.

 

 

Ninguém melhor que um professor que fala fluentemente o idioma do aluno. Aposte no professor brasileiro fluente em inglês que a evolução será mais rápida menos “dolorida”.

Claro que se você já conhece bem as estruturas, já fala o idioma consistentemente e precisa apenas de vocabulário, o seu lugar é com um professor nativo na língua inglesa.

Como já disse previamente, a tradução também não é o caminho. O uso de ferramentas como o Google e outros tradutores podem lhe dar uma falsa sensação de evolução, porque uma vez que você não possa ter acesso a essa “muleta”, você não terá o que é preciso para ter o mesmo desempenho no idioma. Em resumo, fuja das traduções e comece a perceber que ela somente te ajuda quando você já sabe como dizer o que quer dizer no outro idioma.

Finalizo este artigo afirmando que considerar aprender outro idioma nem sempre é algo feito de forma espontânea e nem sempre é tarefa simples, mas certamente existem caminhos que podem ser muito menos espinhosos, se é que você me entende?!

*No próximo artigo falarei sobre os verbos auxiliares e todas as peculiaridades que precisamos estudar pra nunca mais errar a conjugação de verbos na língua inglesa!

Texto publicado originalmente no site: www.saygo.com.br

ARIÇA VARGAS


2 comentários

Afinal, como ensinar inglês para brasileiros? - Say Go - Inglês pra vida de uma vez por todas! · agosto 7, 2021 às 10:18 pm

[…] No início as coisas não faziam muito sentido, mas eu estava determinada a mudar o modelo de aulas com uma nova metodologia de ensino a todo custo. O melhor a fazer era enfiar a cara nos livros que ensinam gramática da língua inglesa e separar o joio do trigo, ou seja, garimpar ali o que realmente seria necessário estudar em uma metodologia que focasse em todas as etapas do aprendizado da língua: estrutura gramatical, escrita, habilidade de escuta e finalmente fala. Mais importante que isso, eu precisava entender quais eram “As importantes diferenças entre o português e o inglês e como usá-las a seu favor”. […]

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