Se tem uma coisa que sou questionada pelos meus alunos e pessoas que tem acesso a minha metodologia é sobre a essência da língua, essa que tanto falo a torto e direito. Há quem me pergunte porque elas nunca haviam cruzado com tal informação se ela é tão importante e crucial para o aprendizado. Por que só agora no meu curso se depararam com essa informação?

Bom, de fato eu não sou o alecrim dourado que nasceu no mato sem ser semeado, mas fiz uma análise da língua inglesa e suas principais diferenças com o português mais a fundo, levando em conta não somente construção, mas também história/origem, cultura, desenvolvimento ao longo dos anos e a forma como a qual os nativos transmitem as mesmas informações que nós na nossa língua materna.

A ideia não surgiu da noite pro dia, mas, foi aos poucos tomando forma enquanto eu levava meus estudos a diante e fui percebendo que as duas línguas usavam uma dinâmica diferente para comunicar a mesma coisa, onde principalmente a cultura e a origem tinham influência direta.

Contextualizando um pouco sobre a origem e a cultura dessas línguas, podemos ver diferenças que justificam que a essência delas sejam diferentes desde seus tempos mais primórdios. Enquanto a língua inglesa tem sua origem germânica e culturalmente as línguas derivadas desse nicho são mais simples, com menor número de conjugações verbais, mais objetivas e diretas, o português e outras línguas como francês e italiano, foram criadas e desenvolvidas a partir do latim, que possui uma natureza muito mais complexa e com um numero de conjugações verbais muito mais vasta.

Essas diferenças influenciam a maneira como cada língua transmite a informação até hoje e ajudaram a moldar a estrutura que conhecemos no inglês e português moderno. O que pude perceber foi que enquanto a língua inglesa tem uma inclinação onde as informações são transmitidas com verbos conjugados de forma continua, no português, para transmitir a mesma informação, a conjugação verbal usada é de presente, passado e futuro simples.

Nas metodologias tradicionais, tais diferenças tão relevantes são ignoradas, parte por ingenuidade e parte por serem tão antigas que não perceberam as sutilezas que o tempo aplicou durante os anos nas variações desse idioma.

Tá confuso?! Calma, vou exemplificar:

No português nós aceitamos que mesmo usando um verbo conjugado no presente simples a informação pode facilmente representar continuidade desde que esse verbo seja seguido por um termo contínuo, como “todo dia”, por exemplo. A língua inglesa não aceita essa conjugação da mesma forma, pois é mais limitada em conjugações e quando a informação é contínua, precisa representar essa continuidade desde a concepção da ideia da informação que precisa transmitir. Acompanhe:

Se eu digo: “Eu compro flores todas as semanas”, no português assumimos que essa ação é corriqueira e por isso, contínua. Para nós essa é uma sentença que faz parte do dia a dia e nem percebemos que poderíamos ser mais diretos já usando conjugações continuas para transmitir tais informações. Isso nos passa despercebido porque falamos dessa maneira desde que somos pequenininhos lá em Barbacena e não há uma razão para fazer tal análise, a não ser que estejamos precisando diferenciar ou direcionar informações de forma mais específica.

Já na língua inglesa para dizer a mesma coisa e transmitir a mesma essência, essa informação deve ser dita usando verbos que demonstrem essa continuidade: “Eu estou comprando flores todas as semanas”. A explicação para que precisemos ser específicos na língua inglesa e não podemos depender de direcionamentos com termos que representem continuidade não só por conta da conjugação verbal limitada, mas também pela forma como as construções das sentenças são constituídas, pois a língua transmite a informação da forma mais direta possível, otimizando a comunicação.

As diferenças aplicadas diretamente na construção das sentenças, possuem verbos auxiliares (obrigatórios em cada sentença) que na sua maioria representam essa “continuidade” da língua e direcionam a informação de forma assertiva e direta. A construção sempre terá um sujeito/objeto e um verbo auxiliar seguido de um complemento onde cada palavra levará a influencia desse verbo e, como já dito, geralmente traz continuidade na sua essência.

Dentro da língua inglesa toda e qualquer ação que possui movimento em uma determinada linha do tempo, mesmo que esse movimento não seja físico e não esteja acontecendo naquele momento, é considerado contínuo e por consequência a informação a ser transmitida terá um verbo auxiliar que apresentará essa continuidade.

Sentenças ditas com o famoso Do & Did são representantes de ações que não apresentam esse movimento na linha do tempo, ou seja, representam ações que nós, por aqui chamamos de “verdades absolutas” e representam situações que não são corriqueiras, como por exemplo o fato da pessoa ter um filho, ou gostar de chocolate. Dentre os 14 verbos auxiliares da língua inglesa, somente esses dois últimos não carregam influência contínua.

No frigir dos ovos…

Se você leu até aqui e ainda não percebeu a importância de você aprender sobre a essência da língua e não buscar aprender inglês somente estudando estrutura, volte ao início e leia tudo mais uma vez. Costumo dizer aos meus alunos que se nós não precisássemos aprender sobre essa essência, bastaria um tempo de 6 meses para que qualquer ser humano pudesse aprender sobre estrutura e sair tagarelando inglês por aí.

Concluo dizendo que esse aspecto dos estudos da língua inglesa são os mais desafiadores de ser compreendidos, pois vai além de somente estrutura e leva em conta uma série de fatores que nos fazer sair de uma zona de conforto da qual nem sabíamos que estávamos.

Portanto, pequeno gafanhoto, compreender essa variação entre as línguas pode não ser simples, mas é fundamental não só para receber a informação de forma correta, mas, também para ser um falante do idioma.

Ressalto ainda que métodos de estudo que aplicam decoreba, estudo de vocabulário solto e são baseadas em tradução, ignoram completamente esses conceitos e não trazem, necessariamente, resultados satisfatórios.

Fica aqui a pergunta: quantas vezes você se deparou com essa informação e se nunca havia ouvido falar, me conta se você, de alguma maneira mesmo que intuitiva, já havia percebido que as duas línguas possuem essa variação. Aliás, me deixo às ordens se você tiver qualquer dúvida sobre o assunto, pois é complexo e pra muita gente novo e diferente e, de fato, você não vai encontrar absolutamente nada sobre isso no tio Google!

E aí, bora aprender inglês pra vida?! 😀

Este texto foi publicado no site www.saygo.br

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