De cara já posso lhe dizer que eu jamais passarei fome, sede ou terei problemas para ir ao banheiro na maior parte do globo apenas por conseguir me comunicar em Inglês. E é por essas e outras razões que te garanto que pra mim já valeram os três anos e meio que passei na Irlanda para aprender esta língua que assusta tanta gente.

E por falar em Irlanda, vou te contar como eu aprendi a falar Inglês e como isso mudou a minha vida e muda até hoje.

Pois bem, estava eu no ano de 2007, tinha 21 anos e nada na cabeça. Havia acabado de terminar a faculdade de publicidade e propaganda, estressada e desiludida com a profissão – não me julguem, acontece nas melhores famílias – e precisava dar um rumo na minha vida, pois eu não queria, de forma alguma, ter que voltar a morar na cidade dos meus pais, que na época tinha 14.000 habitantes.

Caiu no meu colo uma oportunidade de atravessar o oceano e ir morar na capital da Irlanda, Dublin, cidade pela qual até hoje tenho paixão. Na época, ouvi cobras e lagartos do meu pai, pois, como comentei a pouco, eu havia acabado de me formar e o investimento foi todo dele. Mesmo não gostando muito da ideia meu pai resolveu me apoiar (Obrigada Paizão). Vendi tudo que eu tinha de valor, moto, cama, a alma pro capeta e fui, sem nem pensar direito no que a falta do inglês poderia causar na minha vida.

Finalmente chegou a hora da verdade!

Eu realmente pensava que eu sabia o básico do inglês, pois de acordo com os testes de nivelamento da escola de inglês que eu havia frequentado, eu era nível intermediário. Taí o principal motivo pelo qual eu não gosto de nivelar aluno e nem aceito essas nomenclaturas. Mas a verdade foi que chegando lá, eu descobri que eu não entendia lhufas do que os irlandeses falavam, eu até cheguei a pensar que eles estavam falando gaélico, a língua local do país, por mais de uma vez. Percebi então, que minha vida seria bem mais complicada do que eu havia imaginado até que eu conseguisse me comunicar decentemente com qualquer ser vivente daquela terra.

O inglês, mesmo que o básico, começou a fazer falta logo na imigração do aeroporto. O agente da imigração deve ter ficado um tanto frustrado depois de falar por aproximadamente 5 minutos sobre a documentação que eu precisava entregar a ele, e eu neste momento, só consegui soltar um bom e sonoro SORRY, de como quem diz, não estou entendendo o que o senhor está falando. Confesso que pensei que seria mandada de volta ao Brasil, mas ele era uma boa alma e eu tomei ali a minha primeira aula de mímica aplicada. Entrei, com sufoco, mas entrei! Claro que tinha toda a documentação exigida e ainda mais do que o necessário, e, pensando bem, talvez isso que tenha me salvado.

Aqui eu aprendi uma lição muito importante e que me acompanha por toda a vida: Se for fazer qualquer coisa na vida, faça do jeito certo. Isso pode salvar a seus planos e sua vida!

Não vem ao caso como eu consegui explicar com mímica ao taxista o endereço que precisava chegar, mas acredite, foi desesperador. A questão aqui, foi que eu havia anotado o endereço de forma incompleta e nem mesmo ele conseguiu entender de imediato de onde se tratava o local. Por essas e outras que hoje anoto tudo nos mínimos detalhes pra não me enrolar depois. As mímicas fizeram parte do meu dia a dia por um bom tempo, pois essa, era de longe, a melhor forma com a qual eu conseguia me comunicar com as pessoas. Sabem aquele jogo “Imagem e ação”?! Pois é, eu era especialista na época. Lembrando que, naqueles tempos remotos, não existiam smartphones e tampouco o tradutor do Google para me auxiliar nos momentos mais desesperadores.

 Dia-a-dia, mico a mico… Devagar e sempre!

Aí vieram as aulas e eu passei a frequentá-las diariamente. As aulas somavam ao aprendizado que eu estava tendo fora da sala de aula, que mesmo este sendo intenso, – afinal eu estava imersa no olho do furacão – continuava sendo pouco e eu continuava passando perrengue e vergonha. Teve uma vez em sala de aula em que eu precisava sair mais cedo e meu professor repetiu a frase “you can leave” pelo menos uma dezena de vezes, até que finalmente entendi que a palavra “leave” significava sair. Por pelo menos 10 min tive todos os alunos estrangeiros da sala tentando por mímica me dizer que eu “poderia sair” sem problemas e apesar de tudo, saí contente por ter aprendido uma nova palavra que poderia me salvar de futuros micos. Uffaaaaa

No trabalho não foi diferente. Eu na verdade, tive a sorte de na primeira semana ter conseguido trabalho em um pub como recolhedora de copos. Afinal, com o inglês que tinha na época saber o que significava pint (copo) já era uma vitória. Fiquei nesse emprego tempo o suficiente para começar a comprar comida e papel higiênico sem precisar do auxílio de outra pessoa e com o mínimo de mímica possível. Logo, fui trabalhar em um restaurante onde o dono, imagine só, tinha a língua presa. Pois é, a criatura era irlandesa com um sotaque realmente desafiador e ainda tinha a língua presa. Eu achava humanamente impossível, com o inglês que eu tinha, entender que ele estava dizendo para eu arrumar as mesas quando o que eu ouvia era “Please, fet fup fhat fable” (Please, set up that table).

Mas depois da tempestade vem sempre a bonança. Assim que aprendi a falar inglês, vieram as oportunidades e com as oportunidades mais aprendizado. Entre outros lugares, trabalhei por três anos em um dos principais cafés do país aprendendo uma nova profissão. Me especializei em cafés especiais e me tornei Barista. Além disso pude viajar por muitos países da Europa sem me preocupar se conseguiria ou não me comunicar, pois até nos menores vilarejos haviam pessoas que falavam inglês. E como se ter aproveitado tudo isso já não bastasse, quando eu voltei ao Brasil as oportunidades continuaram batendo na minha porta.

 

E o que essa experiência me traz atualmente? 

A primeira delas é que o inglês me ajudou a garantir vaga em vários empregos. Já trabalhei em pousadas onde eu era umas das únicas a falar a língua, portanto tinha um salário mais atraente. Já trabalhei com comercio exterior, onde atendia eventos de várias nacionalidades como comercial da empresa. Trabalhei em uma outra empresa onde o fornecedor principal ficava no Hawaii. E por aí a lista seguiu com tantos outros empregos e freelas que me salvaram em alguns momentos de necessidade.

A segunda, é que hoje, sou dona do meu negócio. Hoje, sou professora de inglês online e idealizadora da empresa que cuido com muito carinho, a Speak as you go!, a qual o nome tem tudo haver com os perrengues que passei lá na Irlanda. Estou em uma etapa da vida que ter aprendido falar Inglês fez toda diferença, e posso, graças a isso, aplicar todo meu tempo e conhecimento em tudo que mais amo: falar Inglês, trabalhar com marketing e pessoas, e o melhor, fazer isso tudo com liberdade.

 

Separando o trigo do joio, posso garantir que:

  • Falar Inglês evita eventuais micos.
  • Você se vira em qualquer lugar. Se torna um cidadão do mundo.
  • Não tenha vergonha de não falar, tenha vontade de aprender.
  • Persevere acima de qualquer desafio para aprender a falar Inglês.
  • Oportunidades antes impossíveis se tornam opção.
  • Se você fala Inglês e tem uma boa bagagem profissional, você se torna unstoppable (inparável).

Concluindo, sempre que faço uma retrospectiva na minha trajetória, tenho mais certeza que todas as experiências que vivi foram fundamentais para que eu me tornasse a pessoa que sou hoje e garanto que se eu, lá atrás, tivesse desistido por não falar inglês, minha vida não teria tanta história para contar.

Se você quer entender um pouco mais sobre como o processo de ensino influencia de modo decisivo na maneira como aprendemos inglês, talvez possa se interessar por este artigo também: “Como aprender inglês pode se tornar um bicho de sete cabeças” .

Por hoje é só pessoal! Até a próxima!!

Artigo publicado originalmente em speakasyougo.com.br

Ariça Vargas

Categorias: Post Livre

1 comentário

Como falar inglês fluente? O que eu preciso fazer? - Say Go - Inglês pra vida de uma vez por todas! · agosto 7, 2021 às 10:32 pm

[…] e professora da língua em terras tupiniquins, e apenas para contextualizar, já contei nesse artigo sobre como aprendi inglês no susto, e nesse outro, como tive que abrir a minha cabeça sobre a […]

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