Já há alguns anos, o inglês deixou de ser uma língua optativa e passou a ser necessária para pessoas de todo o mundo, pois o número de empresas e pessoas que usam esse idioma pra se comunicar aumentou consideravelmente. Hoje em dia, quando não estamos falando nosso próprio idioma, seja em uma reunião de trabalho ou em uma viagem de turismo, estamos usando a língua inglesa para que haja comunicação.

Infelizmente, no Brasil, ainda estamos a anos luz de ter uma nação fluente na língua inglesa.

Dados de uma das últimas pesquisas realizadas em 2019 pela British Council, indica que os que brasileiros que falam inglês não chegam a 5% da população nacional. Além disso, A English First, responsável pelo índice de proficiência mundial, mostra que nos últimos anos o Brasil vem caindo em posições e atualmente, ocupa a 59ª posição no ranking, ficando atrás de países vizinhos como Argentina, Paraguai e Bolívia.

A questão que devemos perceber com esses dados, é que quando se trata do ensino desse idioma no Brasil, pecamos em pontos que são fundamentais para o sucesso do aprendizado. Dentre esses pontos, temos a dificuldade e a repulsa dos brasileiros em estudar a gramática, as escolas que visam antes de mais nada, lucro e as metodologias que são complexas e muito abrangentes. Todos esses pontos, são permeados por conceitos ultrapassados e que se perpetuam sem muito oferecer aos estudantes ávidos por aprender e finalmente falar esse idioma.

Sem entrar em detalhes sobre como o inglês é aplicado no ensino fundamental e médio das escolas públicas e particulares do país, o que pode-se dizer é que o ensino é ineficiente e, nem de longe, capacita estudantes nessa disciplina enquanto ela faz parte do currículo escolar e, muitas vezes, acaba por frustrar o estudante, que não volta mais a procurar aprender inglês em sua vida adulta.

É necessário que façamos uma reflexão sobre os pontos citados acima para compreender a fundo como podemos mudar este quadro e quem são os agentes ativos dentro dessa mudança.

Não tem jeitinho, tem que aprender de verdade.

Os dados que foram apresentados pela EF, provam que não há outra solução há não ser escrever, entender e falar o inglês bem, sem erros e o mais próximo possível da gramática correta. Não é, de fato, suficiente ter um conhecimento raso confiando que o interlocutor receberá a informação transmitida.

 

 

Há ainda, uma grande confusão sobre os tipos de erros que são cometidos no idioma, nem tudo é aceitável e permitido. Há erros que realmente não devem ser cometidos.

Erros de conjugação de verbos principais, falta de conhecimento da aplicação dos pronomes, preposições e artigos, entre outros erros gramaticais, influenciam diretamente no conteúdo da informação e são considerados graves, pois não permite que a informação seja compreendida de forma clara. Erros com vocabulário podem ser considerados leves, pois mesmo que o vocabulário seja limitado, ainda temos formas de contornar a situação e seguirmos adiante com uma informação precisa.

Levando em conta a falta de apreço dos brasileiros pela gramática desse idioma associado a metodologias antiquadas, um dos grandes vilões para um aprendizado consistente é a falta de um estudo disciplinado. Diferente de alguns países que buscam uma proficiência maior entre seus cidadãos, no Brasil, o aprendizado do idioma ainda é visto como segunda opção quando se trata de educação. Países vizinhos, como a Argentina que ocupa a 26ª posição no ranking de proficiência, tem o idioma como segunda língua e aplica o estudo já nos primeiros anos escolares. Não existe uma consciência generalizada de que o idioma deve ter o mesmo peso de uma graduação ou de um curso profissionalizante e isso colabora com o decrescimento desse ensino no país.

Conceitos, pra que te quero?

Alguns conceitos enraizados na nossa cultura, impedem que mesmo os estudantes mais aplicados, aprendam e falem esse idioma. Ainda há um longo caminho a ser traçado com relação a mudanças de comportamento dos alunos e, principalmente, de quem leciona essa língua. Por ter um grande apelo comercial, os cursos geralmente não fazem questão de modificar a sua estrutura tradicionalista e continuam aplicando os mesmos conceitos ultrapassados como se fossem os mais eficientes possíveis.

Um desses conceitos que precisam ser revistos no ensino da língua inglesa, é o de que o estudante deve optar por um professor nativo para que tenha acesso não só a um vasto vocabulário, mas também a expressões corriqueiras do idioma. Entretanto, quando o aluno é submetido a aulas com um professor que não fala o idioma materno do aluno de forma consistente, o conteúdo transmitido se torna incompleto e, muitas vezes, ineficaz.

Uma vez que o conhecimento do aluno ainda precisa ser construído, o melhor professor é aquele que fala a língua materna de quem está aprendendo o idioma, isso facilita a compreensão dos processos por ter o conteúdo ensinado sem ruídos na comunicação.

O professor que leciona outra língua que não a materna, tem a capacidade de fazer comparações entre os dois idiomas e encontrar soluções mais eficientes para que o aluno absorva o conteúdo aplicado mais facilmente.

Outro conceito é o da tradução. De fato, a tradução deve ser considerada apenas uma referência de informações, ou seja, deve refletir somente a ideia da informação que precisa ser levada a diante. Uma vez que o português e o inglês são somente similares e com base estruturais diferentes, a tradução não tem um papel definitivo quando precisamos nos comunicar e, por essa razão, precisamos migrar nosso pensamento do português para o inglês para que possamos dar a mesma informação nos dois idiomas.

Além disso, conceitos como o de que a gramática deve ser estudada a fundo e em todos os detalhes e de que o vocabulário deve ser rico desde o início dos estudos, somente atrasam a evolução dos estudantes, aumentando a sensação de frustração.

Estudar e estudar. Falaremos algum dia?

Mudar esse quadro parece algo que ainda levará anos para acontecer, entretanto há sim uma luz no fim do túnel. Apesar do Brasil estar constantemente em queda no ranking mundial de proficiência, os brasileiros já se deram conta de que não existe a necessidade de estudar inglês por mais de 2 anos para que aprendam a falar a língua, exigindo que as grandes escolas se reinventem e passem a fazer parte da realidade dessas pessoas. Além disso, já existe uma grande movimentação no mercado quanto as exigências sobre o domínio desse idioma e aos poucos, os brasileiros se conscientizam de que essa competência já não é mais algo opcional em suas vidas.

Outro fator que vem influenciando na mudança do comportamento do consumidor são as aulas online. Essa modalidade de estudo, permite que o aluno economize tempo, dinheiro e seja mais objetivo nos estudos. Mesmo que ainda exista um sentimento de desconfiança quanto aulas através de uma tela, o número de pessoas buscando esse tipo de ensino vem crescendo nos últimos anos, abrindo ainda mais oportunidades dentro do setor de ensino dessa língua.

Todas essas razões, fazem com que o mercado busque novas formas e metodologias mais fáceis de ensinar e incentivam os alunos das mais variadas formas para que haja o interesse real em aprender definitivamente o inglês.

Vale lembrar que, buscar um professor brasileiro fluente, estudar com uma gramática moderna e que valoriza os pilares fundamentais do idioma vão fazer a diferença quando falamos em aprendizado real. O combustível para que o Brasil saia do limbo do inglês intermediário, é a conscientização de que a língua inglesa é parte fundamental de um mundo globalizado, do qual se não houver adequação, ficaremos de fora, observando a ascendência de nossos vizinhos e ficando cada dia mais limitados em nossa comunicação com o mundo.

Fontes: https://www.ef.com.br/epi/

Texto publicado originalmente no site: www.saygo.com.br

ARIÇA VARGAS

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