Desde que comecei a estudar inglês com 12 anos, os níveis de inglês fizeram parte da minha história com esse idioma. Somente anos depois, quando aos 24 me mudei para a Irlanda, é que fui compreender realmente qual a importância desse nivelamento e como esse nivelamento é feito erroneamente por escolas e cursos tradicionais no Brasil.

Das razões que esse nivelamento é aplicado de forma tão rasa no país, temos uma que me chama bastante atenção: o brasileiro não gosta de ser posicionado em níveis básicos e o comércio sabe disso. Essa razão leva o mercado a praticar ações e testes que mascaram o real conhecimento do aluno para que este se sinta motivado a fechar negócio e acredite que tem mais conhecimento do que realmente possui.

Aquele que nunca colocou no currículo que tinha inglês intermediário sem nem mesmo conseguir se apresentar consistentemente e manter uma conversa por 5 minutos que atire a primeira pedra.

Apenas uma pequena parcela da população brasileira fala o idioma a níveis intermediários. O uso dessa palavra virou quase que um jargão e não mais representa a realidade que deveria, pois, geralmente as pessoas não fazem ideia do que significa ter um inglês em níveis intermediários.

Desmistificar esse assunto é algo fundamental para não acreditar em falácias sobre o tema e para compreender de uma vez por todas qual é o real conhecimento possuído.

Quais são os níveis existentes no CEFR?

O “Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas” (Common European Framework of Reference for Languages – CEFR) é utilizado para medir o nível de compreensão e expressão oral e escrita em um determinado idioma. A aplicação desse quadro teve início na Suíça em 1991 e se inspirou em trabalhos datados de 1971. O documento final foi elaborado pelo Conselho da Europa e apresentado em 2001 durante a celebração do Ano Europeu das Línguas.

O quadro abaixo apresenta quais são os níveis e quais as expectativas de conhecimento que cada um exige:

Tendo acesso ao quadro, o aluno não precisa efetuar nenhum teste para ter uma noção de qual é o conhecimento que possui. Obviamente, quando o objetivo é provar o nível de proficiência para algo mais específico, como o ingresso em faculdades estrangeiras, o exame é necessário.

A verdade é que o quadro apresenta informações muito mais complexas sobre qual o real nível do estudante e de longe faz jus ao nome usado de forma tão equivocada no mercado brasileiro.

Socorro, sei bem menos do que imaginava.

Calma, não se desespere! Não ainda.

Você faz parte da maioria dos brasileiros e de forma geral vem sendo ludibriado por uma infinidade de razões a usar essa nomenclatura para definir seu nível no conhecimento do idioma e a primeira que cito é a aplicação de testes muito básicos e sem muita intensão de avaliar a fundo seu conhecimento por escolas e cursos tradicionais.

 

 

É interessante para o mercado lhe manter “motivado”, e nada melhor do que enaltecer seu nível e lhe colocar em uma sala com outros alunos que, assim como você, só conseguem suar frio e morrer de ansiedade em uma aula oral.

Outra razão bastante pertinente é a solicitação do idioma no mercado de trabalho. As pessoas acreditam que colocando nível intermediário no currículo ajuda a conseguir a tão sonhada vaga e usando essa estratégia, a pessoa assume que não precisará passar por uma entrevista em inglês, por exemplo.

Além disso, existe o ego. Ah, o ego! Esse sim faz estragos quando inflado e impede a pessoa de evoluir por estar tão apegado ao fato de JÁ SER INTERMEDIÁRIO que não cogita a hipótese de voltar a base do idioma para estudar os pilares fundamentais que julga saber. Até por quê se há uma verdade na vida, é a de que o brasileiro não gosta de pensar que terá que estudar o verbo TO BE novamente, pois, esse tema é considerado inglês básico. Claro que esse básico já não deveria ser problema, uma vez que isso é o que mais estudamos em época escolar, mas não é bem assim que a banda toca.

Só há uma maneira de aprender: estudando!

Quando o estudo é sério e de qualidade, não existe a necessidade de uma preocupação extrema com o nível no idioma, eventualmente ele irá melhorar. A necessidade acontece quando sua intenção é fazer um mestrado ou doutorado no Brasil, pretende estudar fora ou a empresa a qual você pretende trabalhar exige o exame de proficiência. Em outras situações, o seu nível não será avaliado academicamente e o que você precisa é mostrar conhecimento da língua e não escalas.

Claro que para demostrar seu conhecimento em um currículo, por exemplo, você precisa saber qual seu nível de inglês e é exatamente por esse motivo que a tabela acima existe. Não use testes aleatórios de nivelamento sem ter certeza da procedência ou o quão sérios de fato são.

Você deve saber o que ser intermediário significa e não somente seguir aquele exame raso que fez em um dos cursinhos de inglês que já passaram pela sua vida.

Se você colocar no seu currículo que você fala inglês intermediário, você deve se preparar sim para uma entrevista de emprego em inglês. Atualmente o idioma vem sendo usado como filtro para selecionar os melhores candidatos e aqui, inclusive, o cuidado deve ser redobrado por quê se você não fala o idioma da forma que diz falar, você pode estar dando um belo tiro no pé, os recrutadores sabem separar os candidatos que realmente falam o idioma daqueles que “se prepararam na base da decoreba” para entrevista. O melhor é ser franco e assumir toda e qualquer dificuldade que você possa ter na língua.

Acrescento ainda que se a sua ideia é fazer algum exame de proficiência, nada adianta estudar somente para o exame em si, ou seja, estudar a estrutura da prova. Se o objetivo é ter uma nota alta falar bem, escrever bem e compreender plenamente o idioma é fundamental, afinal você está sendo testado sobre o conhecimento e domínio na língua e não se você sabe ou não o formato do exame. Neste caso, tenha clareza sobre seu possível nível e pense em evoluir estudando a gramática e praticando o idioma em aulas de inglês que ensinam o idioma de fato.

Compreender que falar inglês vai além de níveis deveria ser uma prática tanto de mercado como nossa. Se você pretende sair do limbo do inglês intermediário, comece com uma autocrítica e depois retome os estudos buscando conhecimento prático e não nivelamento!

E aí, qual seu real nível de inglês?

Fontes: https://www.efset.org/br/english-score/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Quadro_Europeu_Comum_de_Refer%C3%AAncia_para_L%C3%ADnguas

https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Conselho_da_Europa

https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ano_Europeu_das_L%C3%ADnguas

Texto publicado originalmente no site: www.saygo.com.br

ARIÇA VARGAS

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