Quando eu iniciei uma das minhas jornadas mais incríveis de vida na Irlanda, eu jamais imaginaria que mesmo tendo estudado inglês por alguns anos e ter sido classificada como nível intermediário no idioma, as coisas seriam tão complicadas como foram quando cheguei em Dublin, capital do país. Eu partia do Brasil com a certeza de que chegaria em Dublin falando até um pouco tímida, mas falando!

Quem me conhece sabe que eu falo mesmo é pelos meus cotovelos e pelo dos outros também! Então mesmo que as frases não estivessem corretas, eu falaria! rsrs

Eu havia estudado em escolas tradicionais no Brasil por pelo menos 2 anos e também feito um curso intensivo com uma professora particular antes de seguir viagem por mais ou menos 6 meses e de acordo com os testes da época, eu estava apta a atender níveis intermediários no ensino da língua sem problemas. Isso me deu confiança para acreditar que no mínimo eu conseguiria me virar, compreendendo e balbuciando algumas frases do cotidiano. Mas isso foi de longe o que aconteceu comigo quando desembarquei na “Ilha esmeralda”.

Me recordo ainda hoje com clareza do “sentimento de avestruz que tive”. Quando a criatura da imigração começou a falar, eu simplesmente não entendia uma única palavra que saía de sua boa. Era como se ele estivesse falando qualquer outra língua, menos inglês.

Meu desespero foi tamanho, que eu, mesmos sem saber se era isso que eu deveria fazer, simplesmente entreguei a pasta que segurava nas mãos cheia de documentos para o agente e sorri, na esperança que ele não me deportasse ali mesmo. Graças a Deus deu certo, e desse momento em diante, eu percebi que minha vida seria muito mais complicada do que eu gostaria e que eu precisaria começar do zero o aprendizado da língua.

 

Pânico na cidade, corram para as colinas!

A questão é que, mesmo tendo sido avaliada por uma das “melhores escolas” (tradicionais) e pelos “melhores professores” como nível intermediário, eu não conseguia falar um “A” em inglês e percebi que os anos de dedicação e investimento na tentativa de aprender a língua tinham sido em vão.

Ao iniciar o curso de inglês na Irlanda, fui submetida a um teste curto e a uma entrevista com o professor.  Lógico que ele percebeu que eu não entendia uma palavra do que ele falava, em seguida fui direcionada para a sala de aula com alunos que tinham mais ou menos o mesmo conhecimento que eu na época, e as aulas seguiram de forma básica e bastante simples, do zero mesmo.

Sim, fui jogada aos leões sem dó nem piedade!

Tive a sorte de ter ótimos professores, que me apresentaram uma nova forma de aprender inglês – Graças a Deus, porque nessa altura eu já estava desesperada. Nas entrelinhas, todo bom professor consegue captar o conhecimento do aluno sem que precise fazer nenhum tipo de prova de nivelamento e seguir daí com a sua metodologia de ensino.

Quando o aluno começa do zero, que foi meu caso, o conhecimento é aproveitado acelerando os estudos e o aluno ainda tem a chance de revisar tudo o que já foi aprendido uma vez na vida. Além disso, também já deixa todas as pistas para que o professor consiga conduzir as aulas de maneira personalizada e constante.

Mas e aí, nivelar ou não nivelar? Eis a questão…

Na minha opinião, o teste de nivelamento serve apenas para uma coisa: mostrar o que você sabe com base no conhecimento que você ainda não tem total domínio! Afinal é impossível alguém opinar sobre algo que não conhece ou conhece parcialmente. Fica impossível avaliar o que você de fato não sabe, pois o teste é raso e cheio de pagadinhas.

Iniciar um curso do ponto de partida do nivelamento, pode deixar o ensino e o aprendizado deficientes e prender o aluno por mais tempo que o necessário nas aulas. Ignora-se que algumas lacunas podem ter sido deixadas em branco lá atrás no básico e mesmo que o aluno possa entender um conteúdo mais avançado, com a base fundamental da língua não tão sólida, ele terá dificuldade em avançar com excelência. Resumindo, o aprendizado vira um queijo suíço, cheio de buracos não preenchidos com conhecimento que fazem toda diferença no final das contas, causando a famosa insegurança na hora de falar o idioma.

O nivelamento pode ser uma cilada tanto para quem aprende, quanto para quem ensina!

É comum pessoas aspirantes a posição de aluno se negarem a iniciar um curso do zero por acreditarem que isso irá atrasar o aprendizado, o que é um grande equívoco, pois tudo que começa aos poucos e evolui com firmeza, traz mais conhecimento e mesmo que você já tenha estudado aquele determinado conteúdo, há grandes chances de você não lembrar o que estudou ou aprender uma nova forma de memorizar aquilo tudo.

Aos que encaram o início do zero como uma revisão, como eu fiz na época, o caminho é longo, porém bastante compensador.

E a luz no fim do túnel, tem?

A chave para o sucesso é estudar uma metodologia que seja baseada em ensinar o idioma como um todo, e não somente partindo do ponto onde um teste classifica os conhecimentos do aluno. Não há como ser exato sobre o que o aluno sabe de fato apenas por uma prova ou uma simples conversa, principalmente se esta for uma prova de múltipla escolha ou de preencher lacunas. Além do mais, as técnicas aplicadas devem fazer sentido não só para o aluno, mas também para o professor, acelerando o aprendizado e impulsionando a pessoa ao seu objetivo: falar inglês.

Todo conhecimento deve ser levado em conta e avaliado pouco a pouco para que seja ampliado com consistência e definitivamente.

Na minha compreensão, existem várias maneiras de você provar ao aluno quais são seus conhecimentos e de que forma eles serão aproveitados. De maneira geral, os alunos se mantêm ainda mais motivados quando eles percebem que aprenderam algo de forma errada e agora corrigiram o erro ou quando aprendem algo básico nunca compreendido que fez toda diferença no seu conhecimento da língua.

O fato é que a luz no fim do túnel existe e que nenhuma locomotiva chegará a ela se sair dos trilhos pensando ter encontrado um caminho mais curto para isso!

Texto publicado originalmente no site: www.speakasyougo.com.br

ARIÇA VARGAS

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