Existe uma frase que ouço frequentemente das pessoas que me procuram buscando aulas de inglês:

“Sou formado em “tal” escola de inglês, mas não falo”

É um assunto tão recorrente que me fez questionar se já não passou da hora dos cursos tradicionais evoluírem sua forma de ensinar inglês, para algo que faça mais sentido aos alunos. Aí você se pergunta: Será que vale mesmo a pena dispor de 4 ou 5 anos da minha vida em um curso que, além de me tomar tempo e não ser barato, me levam a um final cheio de incertezas e inseguranças? Será essa a melhor escolha para aprender Inglês, mesmo que eu tenha que me adaptar a um curso engessado com uma sala de aula cheia de gente com, provavelmente, desafios diferentes dos meus, para tentar aprender?

Claro que você pode estar feliz com seu curso de inglês, e contente em mandar um e-mail bem escrito ou trocar algumas palavras com nativos da língua. Mas você também pode estar insatisfeito e se sentindo inseguro em realizar qualquer atividade relacionada com a língua, mesmo depois da sua “formatura”.

“Aprender Inglês deve ser algo natural, inserido em seu contexto de vida. Quando aprendemos a língua dessa forma, as chances de êxito de verdade são muito maiores”.

Outro ponto que devo citar aqui, e um dos principais questionamentos que recebo dos alunos, é sobre o método de “nivelamento” para iniciar as aulas e, geralmente, causo espanto quando digo que não nivelo alunos. Eu explico porque: não adianta de nada você fazer uma prova escrita de nivelamento, se esta técnica é pouco abrangente sobre o que o aluno realmente sabe sobre a língua. Em minhas aulas, descobri que o que fazia os alunos se sentirem inseguros para falar, era uma base pouco sólida de gramática básica. Portanto, não existe a necessidade de nivelamento, existe a necessidade de uma revisão.

Se você já tem formação em Inglês, seja qual for a escola, e ainda não se sente seguro para sair por aí tagarelando, o máximo que você vai precisar é aprimorar seus pontos fortes e trabalhar suas fraquezas. Uma boa revisão vai lhe apontar os pontos de melhoria e consequentemente você se sentirá mais confiante.

 

Quebrando tabus e desfazendo crenças. 

Certa vez, quando eu tinha acabado de chegar na Irlanda, ouvi um professor dizer que para aprender inglês as pessoas precisam deixar para trás os conceitos ensinados nas escolas convencionais brasileiras para daí começar a aprender Inglês de verdade. Me lembro de ter pensado, putz… Que pessoa mais arrogante! Se achando com esse papo de esquecer o que eu já aprendi. Na época, nada do que ele disse fez sentido, afinal, quando se tem 21 anos você é dono do mundo e sabe tudo, não é mesmo?!

“Lição básica: Não julgar o que você não conhece” 

Pouco tempo depois, eu percebi que o que ele havia falado era a mais pura verdade, pois eu tinha uma visão engessada de que para aprender inglês, eu precisaria estudar toda aquela gramática inglesa pesada, exatamente como estudamos aqui no Brasil, e isso era mito.

No decorrer do tempo, eu percebi que o que eu aprendia na rua, eu aprimorando na escola, pois eu trabalhava durante o dia e frequentava as aulas todas as noites para cumprir meu objetivo de aprender a língua o mais rápido possível. Afinal de contas, eu precisava comer, me locomover, comprar papel higiênico, etc. E foi em um desses dias de frio e chuva irlandês, entre uma pint e outra em um pub qualquer, que conversando com um amigo percebi o “pulo do gato”. Existia tanto sentido naquela frase que o professor havia dito quanto na sacada que acabara de ter. Estava aprendendo inglês exatamente como havia aprendido português, e isso era incrivelmente indolor e osmótico. Tudo seguia uma linha que fazia todo sentido.

 

O pulo do gato e a descoberta do real quarteto fantástico!

Primeiro, tudo que ouvia era inglês, o dia todo. Estava absorvendo um novo dialeto através do reconhecimento de sons e associações de imagens. Segundo, durante as aulas a noite, além de estudar uma gramática básica e enxuta, eu lia todas as histórias sugeridas pelos professores, para evoluir então para o terceiro passo do aprendizado, a repetição. Nesse ponto, eu praticava na escrita o que eu já havia ouvido e lido. E por último, completando o quarteto fantástico, a tão sonhada fala. Nessa fase do processo, eu era capaz de reproduzir, em diversas situações diferentes, o que eu havia ouvido, lido e escrito, tanto dentro, quanto fora da sala de aula. Sucesso!! Finalmente eu estava falando inglês!

“Ouvir, ler, escrever e falar = Quarteto Fantástico”

No final das contas, eu descobri que para falar Inglês eu precisaria reaprender a forma de absorver informação. Ir aos poucos, palavra por palavra, regra por regra, e, o mais importante, respeitar o meu tempo de aprendizado. Claro que aprender inglês quando se está imerso em um país onde essa é a língua oficial, é muito mais rápido – Amigo, experimente ficar com água até o pescoço, ou você aprende a nadar ou morre afogado – mas isso não quer dizer que essa técnica não possa ser aplicada em qualquer outro lugar do mundo.

 

Como aprender inglês no Brasil usando o quarteto fantástico?

 O quarteto fantástico tornou meu aprendizado muito mais rápido e definitivo, disso eu não tenho dúvidas. Mas será possível aplicar essa linha de aprendizado no Brasil? Sim, não só pode como deve! Sua aplicação pode acontecer em qualquer lugar do globo. Basta ouvir muita música, assistir muito filme e seriado, ler muito livro, cartoon, tirinha e vale até rótulo de produto importado. Dessa forma, você simula uma imersão e, associando esse estímulo ao seu estudo ativo, o aprendizado é certo.

Existem, na minha opinião, duas formas para aplicar o aprendizado. Uma delas é passiva, quando o aluno passa o maior tempo possível em contato com a língua. Um excelente estímulo é o audiovisual, porque associa de uma só vez imagem, áudio e leitura, quando se usa legenda em inglês. A música também é um aliado feroz pela sua mobilidade e praticidade. Hoje em dia, todos temos um fone de ouvido à disposição. A segunda forma é a ativa, quando o aluno senta para estudar de fato. Mas nada de preencher lacunas nessa fase, o estudo deve ser algo que faça sentido pro aluno com foco nas suas dificuldades com a língua. Como exemplo, posso citar: ler artigos da sua área de trabalho ou estudo e desenvolver exercícios com assuntos já vistos que incentivam o aluno a trazer sua vida cotidiana para as aula. Esta segunda fase é de suma importância para que o aluno compreenda e aprenda de fato a língua.

“Quando nos comprometemos realmente com algo na vida, não há desafio ou dificuldade que nos pare”.

Na minha opinião, a correria da vida que vivemos hoje, já não nos permite embarcar em projetos que levam tempo e dinheiro do nosso dia-a-dia em excesso para alcançar nossos objetivos. Processos engessados, sem flexibilidade de horário e com dificuldade de realização nos desmotiva muito rápido. Se manter motivado é uma tarefa que depende da nossa evolução, e quando não se vê evolução, ou essa é lenta e penosa, não há motivação.

Alguém ainda tem dúvidas que existem formas muito melhores e mais garantidas de aprender inglês? Sinta-se a vontade para relatar as suas experiências nos comentários!

 

Quero deixar mais uma dica pra vocês:

Recentemente descobri um site chamado Radio Garden, que alcança rádios do mundo todo. Uma ótima forma de você treinar seu ouvido com nativos em inglês e outras línguas, em contextos reais da vida cotidiana. Segue link: http://radio.garden/live/clifden/connemarafm/

Por hoje é só pessoal! Até a próxima!! 🙂

Artigo publicado originalmente no Blog Ariça Vargas

Ariça Vargas

Categorias: Post Livre

1 comentário

Quais as melhores coisas que falar Inglês me trouxe na vida! - Say Go - Inglês pra vida de uma vez por todas! · agosto 7, 2021 às 10:27 pm

[…] Se você quer entender um pouco mais sobre como o processo de ensino influencia de modo decisivo na maneira como aprendemos inglês, talvez possa se interessar por este artigo também: “Como aprender inglês pode se tornar um bicho de sete cabeças” . […]

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